Olá, amigos e leitores do blog do ZÉ CORUJA! É com muito prazer que publico aqui uma reprodução de uma entrevista dada por ARNALDO LUIZ ao site da nossa querida revista PRISMARTE. Arnaldo é um dos grandes artistas atuantes no ramo dos quadrinhos em pernambuco e também roteirista da maioria das histórias em quadrinhos do nosso cangaceiro favorito. Ele já foi mencionado aqui várias vezes, mas desta vez vamos ter uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre ele nessa entrevista dada ao site já mencionado! Vamos conhecer um pouco sobre o cara por trás dos roteiros engraçados do ZÉ?
Uma caricatura do homem por trás dos roteiros do ZÉ. |
Passado, presente e quadrinhos, na entrevista com Arnaldo Luiz
BY J.J. MARINS · MARCH 28, 2018
Desde os anos 80 quando aderiu a PADA e publicou na PRISMARTE, nos anos que haviam poucas publicações pernambucanas, ARNALDO LUIZ foi um dos quadrinista mais atuantes. Fez parte da organização do que veio a ser a 1ª Exposição de Quadrinhos em PE, que acontece em 1989, nas Biblioteca Publica castelo Branco, próximo ao Parque 13 de Maio (Recife-PE). Foi destaque na Prismarte #04 – O Lobsomem e estreia do MinoTauro e também na revista Croquis de cujo editor André Gomes e Alexandre Freitas, sobre o selo da PADA. Esteve presentes em outros grupos como a Nankin nos anos 90, onde criou a série Esquadrão Agakê. Nesse período desenhou o roteiro do clássico “Punkrock Hardcore é do…” com o personagem Severino, escrito por Bruno Alves e artefinalizado por Romo, republicada na Prismarte em 2003 e nesse ano. Nos anos 90 esteve ao lado de vários autores na revista Prismarte Especial 20 anos – Guerra Nas Estrelas (lançamento do filme em PE). Criador de personagens como Minotauro e Tampinha, Aldo, que fizera presente em vários anos na Prismarte até os dias de hoje nas mais recentes edições. Na ACAPE-PE, já fez parte dos autores de tiras para jornais diários de Pernambuco e jogos dos 8 erros.
Em 2008, desenhou a Sangue Latino – A Vida e Trajetória de Abreu e Lima, com roteiro de Bruno Alves e arte-final de: Liz França, Rafael Anderson e Milson Marins.
Esteve presente na coletânea de vários autores os Quadrinhos do O Recife Assombrado em 2014. Hoje ele se dedica a escrever roteiros para As Aventuras do Zé Coruja, do personagem homônimo, criado por Marcos Lopes.
1 – Quando surgiram seus primeiros personagens e quais são as suas motivações?
Os meus primeiros personagens surgiram ainda na infância, na década de setenta, quando eu desenhava histórias em quadrinhos em velhos cadernos escolares e em folhas de papel de qualquer tipo que eu tivesse acesso. A maioria desses personagens não passava de variações de personagens de séries animadas da tevê e de revistas em quadrinhos que eu lia na época e que por esse motivo não sobreviveram ao tempo. Mesmo assim esse exercício me ajudou a aperfeiçoar o que eu faria nos anos seguintes. O Mino Tauro e o Tampinha – surgidos em anos e contextos diferentes nessa mesma década – são exceções e estão comigo até hoje. Nem valeria a pena mencionar as criações que não vingaram pois eram imitações grosseiras de personagens famosos de diversos gêneros, inclusive super-heróis. Muitos deles resistiram até a década de oitenta, mas acabaram morrendo na praia. Quanto as minhas motivações eu poderia citar muitas, entre elas aquela velha satisfação de ver meus personagens e minhas histórias figurando em revistas diversas como a Prismarte com aquela sensação semelhante a pais que assistem os seus filhos se formarem na faculdade. Outra motivação que eu poderia destacar é o fato de que, apesar das dificuldades que os quadrinistas enfrentam para produzirem suas histórias, é saber que sempre há novidades, tanto da parte dos veteranos, como das novas gerações, e isso me serve de inspiração para não desistir.
2 – Quais são os seus referenciais de autores que lhe influenciaram?
MINOTAURO e TAMPINHA - personagens criados por Arnaldo. |
Voltando novamente a minha infância e adolescência, costumo dizer, quando sou perguntado, que minha escola na produção de agaquês foram as adaptações para as revistas em quadrinhos dos personagens infanto-juvenis da Disney, da Hanna-Barbera, da Warner Bros. e de outras empresas de entretenimento. Me fascinava com a galeria de personagens que cada uma dessas empresas tinha e eu desejava fazer a minha também. Com o passar dos anos comecei reparar mais nos autores do que nos personagens e nas histórias que desenhavam. A partir daí passei a ter como referenciais mestres como Will Eisner, Jack Kirby, Alex Raymond, Uderzo, Hergê, Milazzo, Esteban Maroto, John Buscema, Paul Gulacy, Frank Miller, Michael Golden, Laerte, entre muitos outros que injustamente deixei de fora por puro esquecimento. Ainda assim procuro não me ater apenas ao traço dos quadrinistas mas também na narrativa dos roteiros e na construção dos personagens já que ultimamente tenho me dedicado mais à leitura de obras literárias.
3 – Você é quem mais produziu agaquês (histórias em quadrinhos) para a PADA?
Isto é discutível. Quando eu entrei para o grupo PADA, em 1989, me senti estimulado a produzir agaquês de gêneros diversos, inclusive humor com Mino Tauro e o Tampinha. Nos anos seguintes procurei produzir também cartuns, tiras de humor, capas, ilustrações diversas, argumentos, etc. Se isso culminou numa produção que repercute até hoje – já que diminuí monstruosamente o número dos meus trabalhos ao longo dos últimos anos, por que não dizer décadas – fico satisfeito. Mas nem por isso desejo me acomodar e tenho tentado, dentro do meu atual limitado tempo, produzir mais, e quem sabe alcançar o mesmo número de trabalhos dos meus primeiros anos com a PADA?
4 – O que você mais produziu ao longo desses mais de 30 anos da PADA?
Bem, eu não estava na PADA desde o início e sim, como disse anteriormente, a partir do ano de 1989. Embora, invariavelmente, eu opte por agaquês de humor – como o Mino Tauro, o Tampinha, o Aldo e até o Esquadrão Agaquê – procurei fazer mais histórias de aventuras (meu gênero favorito nos quadrinhos) me inspirando em Terry e os Piratas, Tin-Tin, Jonny Quest, Conan, o Bárbaro, Tex, Zagor, Ken Parker, entre outras séries. No entanto, sou mais lembrado pelas agaquês de humor, até porque fiz muito poucas histórias de aventuras.
5 – Nos últimos anos você tem se dedicado a escrever argumentos, e mais do que escrever, diagramar argumentos (em forma de rascunhos) para a revista As Aventuras do Zé Coruja. Qual a importância deste gênero de personagem para os quadrinhos em Pernambuco?
O gênero a que você se refere é o infanto-juvenil não é? Pois bem, como eu respondi no início da entrevista, a minha escola era composta de inúmeras revistas em quadrinhos que apresentavam adaptações quadrinizadas de personagens infanto-juvenis da tevê e do cinema, e isso me ajudou a compreender, na medida do possível, a construção de uma narrativa consistente – já que a finalidade é contar uma história para o público leitor e não apenas para nós mesmos – unindo o texto com o desenho. Fazer argumentos para a série do Zé Coruja tem sido para mim uma forma de reviver esse tempo e paralelamente de me disciplinar em um outro campo das agaquês: o do argumento para as histórias em quadrinhos, aliado ainda ao público a que a série As Aventuras do Zé Coruja se destina – o leitor infanto-juvenil. Admito que não sou a melhor pessoa para fazer histórias para esse público, por isso procuro compensar isso imprimindo em meus argumentos um certo humor pueril típico das clássicas séries animadas da tevê, fazendo referências as outras séries de quadrinhos, da televisão, do cinema de aventura e do que eu achar legal, como procuro fazer no Mino Tauro e no Esquadrão Agaquê. E finalizando concluo que há uma carência considerável de personagens infanto-juvenis como os apresentados na série do Zé Coruja em Pernambuco para esses jovens leitores como um estímulo à leitura. Principalmente em meio a esta terrível realidade em que muitos pais inconscientes presenteiam seus filhos ainda bem pequenos – como se fossem simples brinquedos – com esses abomináveis smartphones ao invés de livros!!
6 – Estamos assistindo e até vivenciando um período que podemos chamar de um novo boom das agaquês em Pernambuco com eventos e feiras de quadrinhos que acontecem de vez em quando durante todo o ano. Como você avalia a importância destes movimentos, como por exemplo, a Usina Coletiva?
A GRANDE JORNADA - trilogia escrita por Arnaldo e que começou a ser publicada nesta edição da PRISMARTE. |
Acho muito bom que isso esteja acontecendo. É ótimo saber que não estamos parados. Onde nos falta em mercado, nos sobra em iniciativas culturais como essas. Só lamento – devido a falta de tempo e de um cronograma de trabalho de minha parte – que eu não possa prestigiar essas iniciativas também com trabalhos meus. Que venham mais eventos, feiras e oficinas de quadrinhos!!
7 – Diante deste cenário cujo objetivo final é criar leitores locais, qual seria a postura do autor, seja argumentista ou quadrinista, para cativá-los?
Se eu tivesse a fórmula para isso, usaria em meu próprio benefício. O que eu posso recomendar a esses autores – entre argumentistas, ilustradores, arte-finalistas, etc. – é que experimentem novos gêneros, tendo como referência a realidade a nossa volta, seguindo ou recriando tendências. Ir além do seu convencional. Lembro-me que nos anos da década de setenta as revistas em quadrinhos mais populares entre nós eram as que continham histórias de faroeste, de terror, de erotismo e de cangaço. Gêneros, que por suas próprias características, costumavam ser empolgantes para os seus públicos-alvo, ou seja, o leitor comum, que procura o entretenimento simples, porém de boa qualidade. E é esse leitor comum, que não estão interessados em arcos cronológicos quilométricos e cansativos do tipo Marvel e DC, que precisamos reconquistar. Acredito que possamos voltar a trabalhar esses gêneros, além do humor, é claro, sempre presente em outras mídias como o cinema e a tevê. Tomemos como exemplo a sua série Thêmys, gênero policial em quadrinhos que você argumenta e desenha, e às vezes em parceria com outros ilustradores. É um reflexo desta nefasta realidade em que atualmente vivemos, de intenso banditismo e de poderosas facções criminosas bem articuladas, que ao longo de décadas as instituições governamentais desta república falida deixaram o nosso país mergulhar. Podemos produzir quadrinhos não só para o puro entretenimento, mas direcioná-los como instrumento de indignação como foi num passado não muito distante.
8 – Quais são os seus planos para este ano de 2018 e para os anos seguintes no que diz respeito às agaquês?
Quando você me perguntou isso antes por telefone eu lhe disse, em caráter de galhofa, é claro, que meus planos para 2018 era esperar por 2019. Certamente que meus planos, no que concerne aos quadrinhos, para este e para os anos seguintes é, além de continuar fazer o que estou fazendo – argumentando as histórias do Zé Coruja e arte-finalizando as agaquês que você desenha, atividades estas que não me deixam totalmente fora da produção de quadrinhos – retomar minhas séries O Minotauro, Mino Tauro e Tampinha, Aldo e Esquadrão Agaquê, além de criar novos formatos de apresentá-las. Neste mundo digital com tantas possibilidades incríveis, não podemos nos furtar de apresentar nosso produto de maneiras diferentes: animação, games interativos, etc. Sinceramente eu espero que todos nós possamos realizar tudo isso e bem mais!!
Mais abaixo vocês verão um pouco mais do trabalho do ARNALDO LUIZ em algumas imagens postadas pelo autor deste blog.
Valeu, Arnaldo! Eu (MARCOS LOPES) e os leitores das revistas PRISMARTE e AS AVENTURAS DO ZÉ CORUJA estamos sempre torcendo por você e que você nos presenteie com os seus roteiros e desenhos da qual todos curtimos e admiramos! ABRAÇÃO!!
Eis aí o nosso simpático ARNALDO, ROTEIRISTA e DESENHISTA. |
Uma tirinha bem humorada com o MINOTAURO e TAMPINHA. |
O TAMPINHA é realmente invocado. |
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